Na noite da premiação, não esperava nem menção honrosa. Não
é falsa modéstia, é que o curta tem narração de cabo a rabo e, logo, legendas a
dar com câimbras nas vistas na versão inglês, coisa que gringo não curte
muito. Quando anunciaram que ganhamos a Guirlanda, a felicidade incrédula me
subiu na cabeça e fiquei bêbado. Pau d'água da razão, peguei meu cachecol 'Aqui
é Galo' velho de guerra, companheiro já meio sujo dos suores das finais da
Libertadores e Copa do Brasil, bem como de mil e uma noites de Marrocos. Subi
ao palco junto com os outros indicados que conseguiram menção honrosa
(italiano, húngaro, português e polonês), sem saber bem o que estava fazendo.
Quando recebi o quadro, decidi: vão me dar a Guirlanda e eu
vou trocá-la, lobo-guará, pelo cachecol.
Claro, o convidado de honra a entregar
a Guirlanda não foi a Monica Bellucci, mas um general italiano. Minto, pelo
visto era O General, o grande convidado do presidente do FICTS.
Ele chegou, me
tascou um 'are you happy?', devolvi um macarrônico 'yeah!' e tentei colocar o
meu precioso cachecol no pescoço do infeliz.
O que se viu foi uma dança meio
desconjuntada, meio malabaris da minha mão direita tentando envolver o pescoço
do
General com o
cachecol do Galo e, ímã contrário, o General se requebrando
pra trás. Felizmente rindo.
Disse-me, acho, que ele não poderia colocar nada
quando usava farda. Falei então, acho também, que o cachecol era um
presente-troca meu. Ele abriu a boca num sorriso galhofa da
maluquice e se foi
com o cachecol nas mãos.
Todas as fotos postadas aqui são as oficiais do FICTS. Não tem umazinha decente minha e do General,
ao contrário dos demais.
Depois na página oficial do FICTS, dentre todos os
premiados, estava justo a foto nossa. Provavelmente o General teria
obrigatoriamente que aparecer, vá saber. Sacaneei-o sem querer querendo.